domingo, 31 de agosto de 2008

Undívago

Quando chegamos perto do fim, só pensamos no bom do início... e eu sonhei-me num fim, onde não podia chorar, nem desculpar-me... apenas podia manter-me acordado para te fazer viver. As acções que pareciam injustificáveis, justificaram-se em dores internas e exposto aos gritos, não de dor, mas de ardor, por te ver ferver num pesadelo que não é o teu, que não é o nosso… e vendo-te consumida por um desejo que não escolheste; alimentou-me de sustos e previsões de uma vida curta, exposta a um fim, tombando-me redondo, esquecido, arrefecendo ao som de uma lira, adocicada por um ser, de véus e turbantes. Os sonhos dos esquecidos, lembrando-nos da nossa efemeridade… salgando mais um corpo que jaz a seu lado, que jazia, já não há… deixou de ser… passou além, além do que eu poderia imaginar…
Subo à superfície para mais uma golfada de ar, aprendendo os sentidos todos de novo, conhecendo um a mais… a dependência.
E continuo remando com a força de um vivente e com os sonhos de um undívago… procuro por um fim na minha ilha perdida…