terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tempo

Pensamos… procuramos as respostas aos acontecimentos, mesmo aos mais vãos; aprofundamo-nos em ideias que nos consomem o tempo, que nos levam para outros lugares… é tão bom ter tempo, não o prescindo por nada.
O tempo de uma reflexão, de uma conversa mental. Instruo-me sem consequências, recrio-me e revejo-me. Imito-me vezes sem conta e refundo-me no tempo, no meu relógio diário.
Um banco e uma consciência… tudo o que me resta é cansar este meu descanso e enfrentar-me até ao fim desta pausa, preenchida a cores, a pensamentos e vestígios de ideias que um dia já não tive.
O tempo não perdoa, obriga-nos a agir… Perdido, agarro-me aos pensamentos do ontem e temporizo-os, procurando um saudoso amanhã.
Alargo-me em sonhos… tempo extinto procurando o que irei pensar… o que farei quando tiver mais tempo… julgo-me senhor do tempo… prevejo-me num tempo incerto, costurando ideias, para ter mais vida, para viver mais. No fundo, é para isso que serve o tempo!
Perdido entre os ponteiros da vida, consumo os meus interesses ao máximo… gasto-me com quem mereço, aplico-me a quem merece.
Em minha volta assisto a tempos contados, sigo os tempos modernos… passeiam-se tempos difíceis de prever, onde apenas a imaginação consegue alcançar… perco o tino e fujo para um local onde o tempo não existe… fujo para ti.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A partida

Os olhos magoam-se no sentimento da despedida, ressentem-se com o adeus já anunciado. Passeio-me pelas recordações de tempos pretéritos... exalto-me nas profundezas de minha índole... sem nexo exalo gritos de dor... gritos surdos que se soltam pelas linhas de um caderno... silêncios de saudade. Consumo-me em lembranças, ofusco-me pelos negros da despedida, queixo-me a mim mesmo nesta hora mais longa.
Desvendo-me entristecido, inalegre... cabisbaixo enterro-me nas movediças entranhas do saudoso rubro... e o afecto some-se... esvai-se meu amor...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ser uno

Rompante… saem sonhos de quem explora, de quem almeja o maior, o mais além. Ser uno. Cruzar os ares e voar, nas asas da fantasia. Os devaneios incoerentes de um mundo menos grande… pequeno demais para tal sentimento… tal utopia de um rubro já cansado… cavalgando nas índoles exigências.
Voa longe… voa alto e distante… contento-me em saber que existe… amamo-nos e existimos.

Quem me dera

Quem me dera pintar letras em forma de pássaros… voando livres nas asas da liberdade, pelos caminhos da alegria, sobrevoando toda a magia de uma aurora perfeita… um perfeito sonho onde ninguém acorda, onde todos nascem para viver.
Quem me dera, asa de condor, quimera de um voo perfeito… para lá do luar, de todas as nuvens… mil e um sois de magia e um sorriso de criança… amarelo, verde, azul e vermelho… crescido para si… na calma de um brando dia…
Ai quem me dera voltar ao mundo das cores… das alegrias e dos amores… Quem me dera ser criança… só mais um dia… simples e pura como a água…

sábado, 14 de agosto de 2010

Fósforo extinto

Caminho, em círculos encontro-me esquecido, num futuro tão real, como o quando nasci… um pretérito esquecido nos ventos da aurora… como numa chama que se apaga… como o fumo… esvai-se no ar, misturando-se com os pensamentos… os odores enfumados… pesquisando no ar… as cores de um odor, de um fumo desfeito… o brilho do fósforo que se desfaz num instante… e perde-se em cheiros…
Esquecido no ar, brilha na noite, por momentos rei da escuridão… semblante de quem se alter-ega… um ser mágico de cores utópicas… brilha ao relento de um caminho traçado… circulando o vasto negro do breu…
E com o seu fim, chega o meu terminus… queima-se mais uma vida… brilhou por momentos numa sociedade obscura… ainda reluz na minha memória… tocou alguns, acendeu momentos de alegria… mas hoje cessou a fantasia rumo ao além.
Amou no escuro e assim morreu.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Do mar ao deserto

De repente acordei, como um barco esquecido, apoderam-me do nada… num silêncio pedido, um sonho qualquer… e os olhos quentes… minguavam tua falta… sentiam-te aqui, tão longe de mim, tão perto de um abismo que eu criei… escondi os sonhos nas utopias que criei… deixei-os em alto mar… longe do deserto que percorro, sem mapa escrito, enfrento-me em areais esquecidos, repletos de barcaças perdidas… estéril, o meu caminho… procurando um oásis que me leve para longe… para perto de ti.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Devaneios de uma Bailarina

Os achamentos e as procuras inadiáveis… os encontros e os esquecimentos incompreensíveis… momentos de pausas inqualificáveis por entre parênteses perdidos… o chão que se abre e afasta para um fundo esquecido… e os olhos dela tremiam reluzindo aquosos da noite passada… fugiam para o nada, esqueciam-se dos sonhos que construíra, apenas se fixava numa realidade que não era a dela, mas que a consumia… os medos dos outros a corroíam… e as lágrimas afastavam-na da realidade… os seus olhos já não eram seus…
Os passos eram trémulos… o chão se desfazia… os meneios eram os gestos de quem sofre… de quem se prende a uma farsa e que a repete vezes sem conta…
A realidade tinha uma outra vista, olhava os pesadelos de alguém… velava a sua vida em busca do tenebroso… em gáudios de morte evocava-se esquecida no abismo da sua vida. Tremida a visa, descobria lá em cima o azul celeste… encantava-se por sentir que já pouco faltava… e quando a chuva cessou… saiu correndo para bailar mais um dia.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Momento de silêncio

Os esquissos de um novo momento que vou reavaliando a cada segundo estão mais seguros que os alicerces de minha fundação… e os gritos de revolta vão ecoando pelas paredes ocas de uma árvore… vão se difundindo pelos arredores… experimentando novos sabores, novas cores de insatisfação… o fim está próximo e a corda já está muito justa… há-de se partir… até lá continuo… ouvidos surdos aos gritos de tremor… aos medos do desconhecido… lembrando o futuro como um cheiro do presente ainda perfeito… magoado penso sozinho visões do infortúnio…
A lista está feita… sacola ao ombro e sigo viagem… julgo aprender lições, mas no fundo embrulho-me nas redes de um abismo sem fundo… tento esquecer-me e adormecer… mas a dor fica cá sempre… explicando-me que ainda estou vivo… que ainda sinto, mesmo que seja só flagelo… sinto-me vivo para poder cerrar os olhos e embriagar-me nos devaneios do insuportável… calam-se-me os esquissos… que o momento é de silêncio. Padeço de satisfação, procuro-me ainda nos desencontros da certeza.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um dia tudo será diferente

Moldes e remoldes procurando a perfeito sincronia… desencaixo-me do medo, procurando o grito da revolta… embrulho-me nos escureceres da alva vindoura… receio-o, o fim de tudo… deste e daquele lugar… faço-o por amor aos outros, não a mim mesmo, que esse já se esfumou nos pretéritos.
Reconstruo-me, a cada tijolo que me retiram… a cada escavar em mim mesmo… argamasso-me com os restos… com os cacos em que me desfaço… resisto ainda… como um velho… resisto às intempéries… mas não arriscaria em arriscar… ao menos sei com o que conto… não me aventuro nos sonhos que os outros querem para mim… resido no meu próprio pesadelo…
Olhares que me massacram, enervam-me a carne e fervilham-me as vísceras… mas francamente, para quê lutar? Resigno-me à escravatura… um dia há-de acabar… um dia, de certo, acabaram todas tormentas… até lá, vou-me encostando à minha frágil muralha… pensando como seria se tudo fosse diferente…

sábado, 10 de julho de 2010

Hold me

Os caminhos do dia-a-dia tornam-se mais simples… as palavras custam menos… os medos escondem-se entre as calçadas infinitas e os passeios intermitentes… encontro-me, olhando um futuro… sem hesitações nem receios refundos… construo-me em ti… ajeitamo-nos ao presente… os cheios vazios já não me preenchem as cores com desdém… os sonhos curvam-se a dourado, anicham-se em meus lençóis, nos meus projectos, nas minhas vidas…
Procuro-nos, vou desvendando a caixinha das surpresas… passos certos num caminho sempre novo, sempre adocicado por uns pés de cinderela… passos na certeza de um trilho incerto… discutível e enganador… debatemo-nos diariamente com as espertezas alheias e é tão ganhar contigo…
A vida são experiências, que nos vão educando, que nos vão enriquecendo a cultura, que nos vão tornando cada dia mais sociais… os dias vão passando, cada vez mais entrosados na maneira de agir… os medos desvanecem-se, dissipam-se as dúvidas… e se o mundo girar mais uma vez… eu agarrar-me-ei a ti para não ficar tonto!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

E acaba assim...

Ainda ontem... ainda hoje...

Ainda hoje era pequeno e agora já cresci… sentei-me beirando um monte, perto daquelas flores que te colhi… sozinho esperei o raiar de um novo diz já esquecido… era um menino… era um sozinho…
Sentado continuei na ânsia de encontrar aquele carreiro pequeno que me levava a teu lugar, que se encontrava comigo e me ameaçava de amor… sozinho naquele monte enfrentei teu esplendor.
Cabisbaixo esperei horas a fio por um só sorriso por um só sinal… e o monte desapareceu no horizonte e o monte se desfez nas lágrimas da minha paixão… do alto da serra descia a ribeira da água alva… desciam os sentimentos… caminhavam para o bruto inferno dos oceanos inavegáveis… coalharam em minha face as lágrimas de um novo sal… seco, os céus, carregaram-se… como dobradas gotas atingiram-me o coração… sozinho enfrentei-as com as forças que já não tinha…
Agora… que o fogo consome meus restos… a chuva já cessou. Agora que o dia escurece… espera por ti este fogo da vida… em prantos o rio se desfez no sal de minhas lágrimas… secaram as fontes… finou-se a beldade…
Ainda ontem era pequeno… e hoje já cresci, as cores do mundo mostram-se tonais e os sons apagaram-se em fumos finos… engrossando a alma da minha paixão… sinais de fumo… à distância guardados…

domingo, 9 de maio de 2010

Céu ardente

Às vezes submeto-me às interjeições dos resquícios da mente… e por vezes consumo-me nas partidas do meu fado… escurece-me os deuses e brilham no céu minutos de loucura… os passos são dianteiros, mas o colorido faz-se fitando o celeste negro a escolher-se às luzes de uma ribalta efémera… de uma alva madrugada que procura-nos no meio de um alto castelo… salpicando-me de vontades e um colorido sorriso que desvenda um presente áureo…

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A batalha da vida

A vida por vezes dá voltas e voltas e acabamos traçando o nosso caminho, com o sangue das nossas derrotas… riscada por aquelas pedras que vamos apanhando para “o” castelo… mas nem todos conseguem esse castelo… alguns padecem… encharcam-se na rubra seiva das derrotas e tremem ao infernal soar dos canhões e padecem trémulos num chão já esquecido… a derrota de uns é forçosamente a vitória de outros…
Quando tentamos esquecer um passado e continuar, forçamos mais um pouco a corda que nos prende ao estado de inércia, que não nos deixa actuar… mas acreditamos que um dia também o sol brilhará para nós… subiremos aquela montanha e gritaremos nus os nomes das paixões, saltaremos no infinito das cores e viveremos mais…
Por entre a chuva passaremos… uns mais curvados que outros, mas a vida é esta balança… há que balançar até dar balanço… o cair dos braços nunca nos levou a lado algum…
Esta é uma ovação a todos aqueles que se levantam todos os dias prontos para a grande aventura que é a vida…

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Just another rainy day

Nos olhos carrego a tristeza de mais um dia, de mais um custoso dia… Penoso e descrente, misturo-me entre as gotas de uma chuva que se esvai… pelas correntes de um trilho invejável… procurando dar sentido à tribo urbana que se passeia encharcada, feita em sombra, por entre os descalços olhares de um sentimento invernoso.
Canso-me na pasmaceira de um dia entediante, enterro-me nos enfadonhos travesseiros acetinados, lustrosos… envoltos em restos de dias que não se usaram, que não se embaciaram… e logo me revolto, por entre as paredes despidas… num lugar a que não pertenço…
Mais um pingo se revela à calçada moribunda… pela vidraça, acolho-me em velas semi-acesas, gastas pelos odores de quem escorre, de quem se desloca entre as grossas gotas… apressadas, ressaltam na minha vidraça… procuram-me no frio…
Os gestos são parcos, os movimentos átonos, os seres pouco se vislumbram por entre as cortinas da minha vidraça… o enegrar do firmamento afasta-os de meu olhar, carregado de gotas… penosas e pasmaceiras gotas que temem em borrar uma maquilhagem tão bem tratada, que se esvai apressadamente como um rio…
Despido, em vidraça alheia, procuro um trilho num solitário travesseiro… e fico-me, descalço e enfadonho, entregando-me às gotas do meu apagado dia…

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dois dedos de conversa...

Enquanto me descubro, por entre as entranhas de uma alva chávena, diante um pires esquecido… procuro na imaginação um tempo perdido… um sombrio esquecido. Entrando-me e entendendo-me como mais alguém, como ninguém, sobrepondo-me ao desvanecido aroma de um café extinto… soprando letras, formando as palavras de meses esquecidos, que nos enriquecem, que nos tornam mais…
Meus olhos consomem uma paisagem antiga, degustam-na de uma forma requintada, abraçam-se aos teus gestos, procurando a reciprocidade dos tempos clássicos… amiúde calçam-se os sonhos e calam-se as vozes… fluem-se as frases e as repetições… as mesmas figuras… diferentes estilos…
O tempo transforma-se e constrói-nos, sem dó nem piedade, as saudades avançam até ao dia do reencontro… decididos a mudar um tempo tempestuoso… aproveitámos da melhor maneira, cortámos os espinhos que protegiam a adormecida cavaqueira: duas chávenas, dois pires, os olhares e a prometida prosa…

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Continuas...

Numa história de medos e reversos sentidos… entendo-me hoje contigo. Sigo-me em causas desconhecidas, por caminhos novos e mais… alegro-me em ti, complico-me na tua facilidade, no teu jeito simples… na vontade de amar.
Os curiosos sorrisos, entendem-te nas léguas de uma vida escolhida… destinada. Os medos de se viver desvanecem-se nos tempos, nos amanhaceres conjuntos, nos amores profundos… nos toques e ressaltos de paixão e magia. Os anos passam, mas segue-se um caminho já traçado, os dias correm na esperança de te ver, em todas as ruas do meu amor.
As histórias vão-se construindo, neste conjunto com sentido, nestes dias presentes, que correm para ti, como uma diária aurora que se abre para te ver… um jeito vago e mágico de um amor por ti crescente.
E o mundo gira só mais um dia na esperança de te ver… mais que quatro horas, mais que mil e um sonhos… e os dias passam… continuas? Diz-me que sim