sábado, 25 de abril de 2009

Apresento-me

Já fui gente, já cresci... bibliografei-me em sonhos e letras, agora, aqui, perante ti... morri, renasci e matei-me em medos... um suicídio subsidiado por desejos de gáudios extintos.
Moreno de devaneios mil, empoeirado por passados (des)esquecidos, eu ali parado numa erguida montanha de coisas minhas e nossas... coisas passadas e presentes prendidos a mim, presos a ti...
Castanhos, os corações em forma de olhar, cansados de mirar o que os pesadelos antevêem, vivos de cores mil, desvanecidas por uma neblina matinal, findando uma tarde, um por do sol num dia de chuva... castanho e ineficaz os filamentos escorridos, concorrendo com a brisa, indomável aos cheiros de uma torta corneta, embelezada pela cor de um sapato nocturno...
Esquisso, fino e magistral, esculpido à meia-luz, um corpo, sem alma, sem sentido de si... esguio, um desastre natural... estruturado do coração à cabeça por canais de letras e pensamentos inventados por um cordão, por uma batida irregular... arritmada, julgada e envernizada por um pó estrelar, uma super-nova de emoções e sentidos, para lá dos mil... mil e um centos de coisas, entulhadas num corpo... numa sombra de génio... um miúdo ser de sentimentos profundos...
Abrasivo e desconstrutivo, profundo num superficial muito desgastante... sozinho num mundo, junto ao outro mundo... apresento-me eu.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Não percebes

Não percebes… não entendes aquilo que sou, aquilo que quero ou aquilo que faço. Não atinges a meu ser, a mim mesmo, nem à minha pessoa. Tentas compreender-te, mas eu não sou versado, não me encontras, nunca me alcançaste e jamais me atingirás.
E com a força do ser que queres, mas não percebes: odeio-te.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Músicas trocadas

Ouço as músicas a passar por mim… reinvento-me e rescrevo-me… paro nos tempos vivos de um estudo. Vivo, presente em mim os sentidos de vidas perdidas. Intocável… inquebrável, os amores das letras, construindo não palavras, mas pesados sonhos encostados a uma vidraça perdendo saudades, ganhando a poeira de gerações…
Nunca é tarde de mais, apenas para os segundos que passam, para esses nunca se tem tempo, os esquecidos encontros que perdemos e misturam-se outras tantas palavras e construímos um barco de ferozes correntes, presos a um titânico medo, esquecemo-nos de amar… presos a nós destruímo-nos e aos outros também.
Ficando para o depois, esperamos esquecidos, como os pesadelos de uma grade, como prisioneiros de uma titânica rede, estilhaçando vidros… e assim param gerações empoeiradas nos pesadelos dos outros.
Esfolamo-nos, gastamo-nos em tempos já perdidos, arriscando menos que nada no agora, morrendo com os medos de outros tempos… procuras-me num passado e eu ainda sou presente. Aprende. Procuramos os nossos destinos no passado, mas só o presente desvendará o vindouro…
Apetece-me escrever de mim, mas as músicas… as músicas mentem-me.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Achei-me assim

Procurei-me sem ti, encontrei-te sem ti, achei-te sem nós e agora assim perco-me em mim. Escolhi-me viver, mais contente e mais… mais em mim, mais em nós.
Precisas-te de mim.
Gasto-me com felicidades, sinto-me eu, mais ainda, melhor ainda. Amo. E hoje sou bem mais. Agora vivo mais, amo mais, sei mais… e quero ainda mais.