quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Just another rainy day

Nos olhos carrego a tristeza de mais um dia, de mais um custoso dia… Penoso e descrente, misturo-me entre as gotas de uma chuva que se esvai… pelas correntes de um trilho invejável… procurando dar sentido à tribo urbana que se passeia encharcada, feita em sombra, por entre os descalços olhares de um sentimento invernoso.
Canso-me na pasmaceira de um dia entediante, enterro-me nos enfadonhos travesseiros acetinados, lustrosos… envoltos em restos de dias que não se usaram, que não se embaciaram… e logo me revolto, por entre as paredes despidas… num lugar a que não pertenço…
Mais um pingo se revela à calçada moribunda… pela vidraça, acolho-me em velas semi-acesas, gastas pelos odores de quem escorre, de quem se desloca entre as grossas gotas… apressadas, ressaltam na minha vidraça… procuram-me no frio…
Os gestos são parcos, os movimentos átonos, os seres pouco se vislumbram por entre as cortinas da minha vidraça… o enegrar do firmamento afasta-os de meu olhar, carregado de gotas… penosas e pasmaceiras gotas que temem em borrar uma maquilhagem tão bem tratada, que se esvai apressadamente como um rio…
Despido, em vidraça alheia, procuro um trilho num solitário travesseiro… e fico-me, descalço e enfadonho, entregando-me às gotas do meu apagado dia…

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dois dedos de conversa...

Enquanto me descubro, por entre as entranhas de uma alva chávena, diante um pires esquecido… procuro na imaginação um tempo perdido… um sombrio esquecido. Entrando-me e entendendo-me como mais alguém, como ninguém, sobrepondo-me ao desvanecido aroma de um café extinto… soprando letras, formando as palavras de meses esquecidos, que nos enriquecem, que nos tornam mais…
Meus olhos consomem uma paisagem antiga, degustam-na de uma forma requintada, abraçam-se aos teus gestos, procurando a reciprocidade dos tempos clássicos… amiúde calçam-se os sonhos e calam-se as vozes… fluem-se as frases e as repetições… as mesmas figuras… diferentes estilos…
O tempo transforma-se e constrói-nos, sem dó nem piedade, as saudades avançam até ao dia do reencontro… decididos a mudar um tempo tempestuoso… aproveitámos da melhor maneira, cortámos os espinhos que protegiam a adormecida cavaqueira: duas chávenas, dois pires, os olhares e a prometida prosa…

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Continuas...

Numa história de medos e reversos sentidos… entendo-me hoje contigo. Sigo-me em causas desconhecidas, por caminhos novos e mais… alegro-me em ti, complico-me na tua facilidade, no teu jeito simples… na vontade de amar.
Os curiosos sorrisos, entendem-te nas léguas de uma vida escolhida… destinada. Os medos de se viver desvanecem-se nos tempos, nos amanhaceres conjuntos, nos amores profundos… nos toques e ressaltos de paixão e magia. Os anos passam, mas segue-se um caminho já traçado, os dias correm na esperança de te ver, em todas as ruas do meu amor.
As histórias vão-se construindo, neste conjunto com sentido, nestes dias presentes, que correm para ti, como uma diária aurora que se abre para te ver… um jeito vago e mágico de um amor por ti crescente.
E o mundo gira só mais um dia na esperança de te ver… mais que quatro horas, mais que mil e um sonhos… e os dias passam… continuas? Diz-me que sim