quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Um (novo) dia

As mãos desenham a carvão os traços doirados da aurora... os sonhos acabam-se no despertar... raiam-se curvados amedrontados enfrentam um novo dia. Acorrentam-se os olhos a um cheiro intenso... um perfume alvo e celeste... uma cor que não existe, um dia que não escurece.
Aguardo-me junto à vidraça, escorro-me cambaleando incessantemente... encontro-me novamente em teu regaço... atesto-me com teu ardor, encho-me para um amanhã já hoje... e o vindouro e o ontem... sintetizo-me em mil palavras, num sem número de meneios, albergo-me em meus passos trémulos, na ânsia de regressar.
Afianço a passada, procurando mais um passo, direcciono-me ao diariamente, sem gestos de mau perdedor, verto o desgosto de te esquecer... castigo-me de teu ausência. Deposito-me, enjaulado, construo-os destruindo-me... queixam-se os gostos do meu coração. Mais uma golfada de ar e o negro do dia se enjeita a meus medos... e os sonhos não passavam disso... mais um pesado entardecer, envolto em nevoeiro, denso... adensam-se meus pensamentos, que há muito que não... há muito que faleceram... órfãos de cor... acomodam-se ao mundano desatino.
Novos ventos sopram, bolinando, levito em coro até ti.
Esperas por mim? Recolho-me aos teus aposentos e mais um dia se esgotou...