terça-feira, 29 de abril de 2008

Em vão

Cumprimento-me, sem sentido de mim mesmo… afasto-me de minha sombra, na esperança de não a encontrar e, encoberto por um sol ausente, pinto-me-a de mil e um negros e pretos escondidos…
Perto e longe de um conseguido pensamento de mim mesmo… uma introspecção de vida, esvaziado de consequências num passado incerto de um futuro descoberto por uma música escondida; negra se esvai… no claro de uma noite, em dia desfeita… branqueio-me de ideias e aclaro meus pensamentos vãos…
Arruíno-me em sonhos que não tenho, aprendo-me e apercebo-me, sem esperança, numa sombra esquecida… na minha negra memória… translúcido de pesadelos, pinto-te, aclaro-te a negro e em noite me fantasio… em mim e em nós… escrevo-me em sonhos que nunca os tive, pensamentos e cores que não sei, nunca as tive, que não existem… e assim… tão perto… tão longe de um farol esquecido… longe de um sonho perdido, massacro-me ainda nesse meu castelo de nada… de fora para dentro… construo-me na minha visão dos próximos mais tristes, na construção de um ser mais só… de um ser sem sentido… na minha construção esquecida num tempo encoberto por um sol brilhante de gáudio e em vão… penso nisso…

terça-feira, 8 de abril de 2008

(Sobre)vivo

No princípio de um fim… começo-me a desfalecer-me, a perder-me neste mundo de realidades desvanecidas por pesadelos bem presentes, constantes… entristecidos sonhos maus, que me consomem e me perdem…
Construo um espesso estilhaço de catástrofes e melancolias pesadas e em sonhos, vivo-me, afastado de um presente muito distante… em devaneios crio-me, recrio-me e presenteio-me de mil carícias, constante e igual a mim mesmo, sonho-me em sonhos mil… e mais vivências de ilusão… na fuga de uma realidade onde perdido, choro-me e massacro-me… vejo-me escuro, aclarado por um cheiro extinto de bondade… farto-me de mim mesmo…Encapuçado por mil realidades, disfarço-me num sonho que não posso viver… pinto-me nesta realidade a que não pertenço… minto-me e (sobre)vivo.