domingo, 25 de março de 2012

Caos de ideias

Com receio de respirar, encostei-me às correntes de vida que gritavam teu menino jeito de ser. Abracei teus sonhos, envolto em utopias e fantasia, sinestesia de pensamentos vagos em torno do meu amor, e os gostos esquecidos, vislumbrados ao longe, correndo meus mistérios esquecidos, recordando imagens vazias e os toques e os meneios e os gestos… os gestos e abandonados à magia de teus palavras. Paladar de meus esquissos, traçados a pincel, escopro e cinzel, mordidos por um odor paradisíaco.
Amargo e aborrecido, me repasto num soalho esquecido pelo pó e correndo parado, penso o esquecimento do que já não é, do que já não somos, do que nunca fomos. Abandono-me nos ventos polares, acorrentado aos meus medos, caio-me em pesadelos perdidos, por sonos já esquecidos, bafejando as velhas janelas, esculpindo segredos já gastos… um sótão disperso, num final remoto, o ranger de meu olhar, consome-me em goteiras infinitas… e o fim tão próximo que já o cheiro e mais um passo e tudo se desmorona num caos de ideias, espraiadas e expatriadas e exiladas e isoladas, em mim… e eu já cadáver, choro-me, arrefeço o soalho. Sou mais um tato de pó em busca da luz, seguindo os sonhos de outrem, morro-me sozinho.

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