Enquanto me descubro, por entre as entranhas de uma alva chávena, diante um pires esquecido… procuro na imaginação um tempo perdido… um sombrio esquecido. Entrando-me e entendendo-me como mais alguém, como ninguém, sobrepondo-me ao desvanecido aroma de um café extinto… soprando letras, formando as palavras de meses esquecidos, que nos enriquecem, que nos tornam mais…
Meus olhos consomem uma paisagem antiga, degustam-na de uma forma requintada, abraçam-se aos teus gestos, procurando a reciprocidade dos tempos clássicos… amiúde calçam-se os sonhos e calam-se as vozes… fluem-se as frases e as repetições… as mesmas figuras… diferentes estilos…
O tempo transforma-se e constrói-nos, sem dó nem piedade, as saudades avançam até ao dia do reencontro… decididos a mudar um tempo tempestuoso… aproveitámos da melhor maneira, cortámos os espinhos que protegiam a adormecida cavaqueira: duas chávenas, dois pires, os olhares e a prometida prosa…
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