sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dois dedos de conversa...

Enquanto me descubro, por entre as entranhas de uma alva chávena, diante um pires esquecido… procuro na imaginação um tempo perdido… um sombrio esquecido. Entrando-me e entendendo-me como mais alguém, como ninguém, sobrepondo-me ao desvanecido aroma de um café extinto… soprando letras, formando as palavras de meses esquecidos, que nos enriquecem, que nos tornam mais…
Meus olhos consomem uma paisagem antiga, degustam-na de uma forma requintada, abraçam-se aos teus gestos, procurando a reciprocidade dos tempos clássicos… amiúde calçam-se os sonhos e calam-se as vozes… fluem-se as frases e as repetições… as mesmas figuras… diferentes estilos…
O tempo transforma-se e constrói-nos, sem dó nem piedade, as saudades avançam até ao dia do reencontro… decididos a mudar um tempo tempestuoso… aproveitámos da melhor maneira, cortámos os espinhos que protegiam a adormecida cavaqueira: duas chávenas, dois pires, os olhares e a prometida prosa…

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