segunda-feira, 13 de julho de 2009

Amor cego

Cabisbaixo, mergulho-me num sentimento perdido... perco-me no esquecido, mostro-me e desvalorizo-me. Diante teu retrato, acho-me em apartes, construídos numa parte esquecida e remota, no canto de uma vida, perdida... cheia de acções e ficções, de sonhos que nunca tive, de amor que nunca vivi, que não conheci, que não te conheci.
Olho-me num espelho, num lugar de vida... matéria morta, enterrada num esguio sentido de mim mesmo, empoeirando os desejos de outrora... esquecer é o verbo mais coerente.
Presencio em desejos os monstros de um armário, de um pesadeloso armário... meu macaco de sótão, perdido e triste, sem vontade de me ver. Avidado, sem noção de presente, presenteio-me com os melhores, destacando-me entre os piores, entre os retratos perdidos, nas molduras cabisbaixas e no canto, aparte da realidade, vivo uma ficção, um desejo que tudo volte ao que nunca foi. Amei, vivi, mas não conheci... sonhei ser visto, mas eu é que estava cego.

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