sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Olhos enxaguados

Os olhos cansam-me, os devaneios percorrem-me... encontro-te nas letras, procuro-me e encontro-te... num passado, num presente... abandonado. Desvaneço-me em lágrimas...
Abraço um pretérito, que tento largar... percorro-te e perdes-me e perco-me e tenho-me sozinho, encostado a ti... procurando um amor, intuição inexplicável... porquê?
Seria tão mais fácil, tão mais ágil e eficaz... porque não sei viver sem ti?
Exausto, encho-me... procuro-te no breu de mais um dia, mato-me e desejo-te... tarde. Entristecido recolho-me, apresento-me ao vácuo, entrelaço-me em mim, mas ainda te procuro... quero-me em ti, quero viver-nos... actos passados não me devolvem-te, não nos devem-nos... tremo-me e em mim te procuras, sem a confiança de outrora.
Amo-te, mais que a escrita e os sonhos... pois as realidades só fizeram sentido quando tu sabias. Tardio, o vento de uma noite clara, esquecida... relento de devaneios e medos, estou em ti e tu fora de mim... fora de nós.
Nu, de uma cor qualquer, enterro-me... tento esquecer-me... procuro seguir, mas apenas cessando os sentidos o consigo, pois até no mais irreal sentido perco-me de ti.
As horas não são iguais, seria mais ágil ter-te no passado, ter-te esquecido; coubera dentro de mim toda a esperança de uma benquerença, sentimento amorfo e pobre... morto e sem esperanças de mim mesmo, vou perseguir-me à exaustão... Quero-nos.
Vou alcançar-nos, entendo-me de amor, encontro-me preso a um sentimento que não queria.
Tudo o que não quero é magoar-te.
E entre os desejos e as luas, o dia raia, sem amor e uma vez mais com o olhar molhado... amo-te.

1 comentário:

Anónimo disse...

Este foi sem dúvida, o que mais gostei. Muitos parabéns pelo blogue.


Beatriz Magalhães